A História
diante de nossos olhos
Por Sandro Fogaça Martins
A facilidade de comunicação entre as pessoas e a velocidade com que recebemos informações das diversas partes do mundo na atualidade é realmente algo espantoso! Poderia dizer assustador!
Antes
observávamos nas fotografias antigas, nos documentos envelhecidos ou nas
filmagens de baixa qualidade os importantes temas históricos, hoje em dia
recebemos em tempo real pela televisão ou pela internet as imagens e as
informações sobre os milhares de processos de mudanças pelos quais a humanidade
tem passado. São catástrofes naturais, guerras, golpes de Estado, disputas
eleitorais, corrupção, ameaças nucleares, intolerância religiosa, ataques
terroristas, casamentos reais, espionagem, renúncia de papa, manifestações
populares e assim por diante. Filtrar estas informações e a partir daí, formar
uma opinião, não me parece tarefa muito simples.
A
História “do que já passou”, ganha a cada dia novas interpretações, a
arqueologia contribui para que importantes temas históricos sejam revistos e
atualizados constantemente, a grande quantidade de obras sobre os mais variados
assuntos da História, facilitam de certa forma, e estimulam uma revisão
contínua da historiografia.
Mas
quanto a esse bombardeio de informações que recebemos todos os dias? Como fazer
uma análise mais comprometida com a ciência? Como escrevermos uma História que
seja imparcial? Talvez o leitor esteja se perguntando: mas o historiador não
teria que se preocupar apenas com o passado? A História não se refere apenas ao
que já passou? São muitas as perguntas. E alguns pontos precisam ser
analisados.
Primeiro
é preciso entender que um profissional de História, seja ele historiador ou
professor, não pode ficar alheio ao que se passa na atualidade, até porque,
cada acontecimento atual é fruto de um processo histórico com raízes profundas
nos diversos temas que a historiografia trata. No caso do professor de
História, ainda existe o fato de que os alunos também têm acesso as informações
e muitas vezes, principalmente devido às redes sociais, chegam em sala de aula
mais informados do que o professor.
Outro
ponto importante a ser considerado é que assim como as tecnologias proporcionam
novas notícias a cada momento, essas mesmas notícias e acontecimentos se tornam
parte do passado com a mesma velocidade com que vieram à tona. Pois de um
minuto para o outro a imprensa e a mídia mudam seu foco.
Quanto
à cientificidade da História, os métodos, sem dúvidas, continuam sendo os
mesmos, porém, a cada novo episódio da História mundial surgem discussões e
opiniões diversas, apontando variadas versões. A cada debate, ficam claras as
influências de doutrinas e ideologias. E assim, a cada nova informação, o
informante segue uma tendência, baseado nos seus princípios e nos da empresa ou
instituição que representa. Por isso, penso que a análise histórica desta nova
era não é tarefa muito fácil. Não é só a questão de seguir esta ou aquela
corrente historiográfica, e sim o fato de estarmos vivenciando o momento. Por
mais imparciais que desejássemos ser, as nossas lutas, paixões, medos,
incertezas, alegrias, sonhos estarão sempre conosco no momento de emitirmos a
nossa opinião sobre cada fato! E isso é fato!
Contudo,
é relevante enfatizar a importância do conhecimento histórico para entendermos
o momento atual da humanidade. É missão de cada professor de História e de cada
historiador, clarear alguns pontos ainda escuros com relação aos diversos
assuntos que adentram a casa de milhares de pessoas através da mídia e que
muitas vezes ficam sem compreensão. Tarefa difícil, mas nobre!
Para
nós, profissionais da História, o momento atual é uma grande lição. As diversas
versões que cada assunto ganha e os diversos rumos que cada processo toma, nos
mostra que, aquela História tradicional que estudamos e passamos adiante,
precisa ser continuamente revista. Não existe História pronta e definitiva! Não
existem historiadores e professores prontos! O estudo deve ser constante. O
nosso objeto de estudo, está diante dos nossos olhos!